Cresce a proporção de empresas que, sem ver saída
da crise financeira e da economia brasileira, opta por encerrar as atividades,
em comparação ao universo daquelas que abrem as portas. De janeiro a junho
deste ano, 191 mil firmas deram baixa em seus registros nas juntas comerciais
do País, representando 82,3% do universo de 232 mil abertas no período. Essa
relação já foi amplamente favorável ao crescimento do Brasil. Em 2000, quase
cinco empresas eram criadas, enquanto uma deixava de funcionar. A proporção foi
se reduzindo, durante os altos e baixos da economia, até chegar no ano passado
a um ritmo de duas empresas abertas para cada uma fechada.
Os dados são da Secretaria da Micro e Pequena
Empresa (SMPE), com bases nos cadastros das Juntas Comerciais de todo o País. O
secretário executivo da SMPE, José Constantino de Bastos Júnior, tenta
minimizar o forte aumento do número de empresas fechando neste ano. “É
preciso olhar esses dados com cuidado, porque, desde agosto de 2014, com a lei
complementar 147, ficou mais fácil fechar uma empresa, e, como havia um
represamento de mais de 1 milhão de firmas inativas, precisamos depurar melhor
esses números”, afirma.
Bastos Júnior reconhece, no
entanto, que o fraco crescimento da economia “tem reflexo nos dados de abertura
e de fechamento de empresa”, que pioraram. “O que temos que olhar é que há um
número crescente de MEIs (Micro Empreendedor Individual). O programa completou,
recentemente, 5 milhões de cadastros, e tem tido média de 100 mil formalizações
mensais”, diz ele, lembrando que, enquanto as grandes e médias empresas
demitiram mais de 500 mil trabalhadores entre 2011 e 2015, as microempresas
contrataram mais de 5 milhões no mesmo período.
O momento é crítico para o comércio. A Pesquisa Mensal do Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou queda de vendas de 0,9% em maio, na comparação com abril , e de 4,5% frente ao mesmo mês do ano passado. Dos 10 segmentos do setor avaliados, sete tiveram recuo, particularmente o de móveis e eletrodomésticos, dependente de crédito. A receita das empresas prestadoras de serviços, por sua vez, subiu 1,1%, em média, segundo pior resultado desde o início do levantamento, em 2012.
O momento é crítico para o comércio. A Pesquisa Mensal do Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou queda de vendas de 0,9% em maio, na comparação com abril , e de 4,5% frente ao mesmo mês do ano passado. Dos 10 segmentos do setor avaliados, sete tiveram recuo, particularmente o de móveis e eletrodomésticos, dependente de crédito. A receita das empresas prestadoras de serviços, por sua vez, subiu 1,1%, em média, segundo pior resultado desde o início do levantamento, em 2012.
Na avaliação do presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) do Distrito Federal, Aldemir Santana, a retração das vendas se complicou com as altas taxas de juros. “Vivemos um momento muito difícil de desconfiança generalizada de ponto de vista político e moral. As pesquisas percebem nitidamente que os investidores estão muito pessimistas e que as taxas de juros que não param de subir tiram a tranquilidade do pequeno empresário, que hoje é quem mais precisa buscar financiamento”, afirma.
A economista Marianne Hanson, da
Confederação Nacional do Comércio e Serviços (CNC) diz que o cenário que se
desenha para este ano para o setor é o pior desde 2003. “Com certeza, está
muito ruim depois de anos de crescimento satisfatório. A retração na economia é
generalizada, com elevação dos juros, crédito escasso, redução do emprego,
inflação alta corroendo a renda do consumidor, o que é muito ruim para o
comércio. A indústria começou a sentir essa crise primeiro, mas agora ela
chegou no setor varejista e de serviços”, observa. Pelas estimativas da CNC,
todos os setores devem registrar queda neste ano, à exceção dos ramos de
supermercados e de artigos farmacêuticos.
“O consumidor está mais cauteloso para contrair crédito e comprar bens duráveis. Ele reduz gastos supérfluos devido à conjuntura desfavorável, mas não deixa de comprar itens de necessidade básica, como alimentos e remédios”, explica Marianne. Resultado da falta de perspectivas, o comércio de BH vive uma onda de empresas que decidiram liquidar os estoques e se desfazer do ponto comercial. Na avaliação de Santana, da Fecomércio-DF, o risco de perda da renda das famílias vem crescendo, e, por conta disso, o consumo diminui.
“O consumidor está mais cauteloso para contrair crédito e comprar bens duráveis. Ele reduz gastos supérfluos devido à conjuntura desfavorável, mas não deixa de comprar itens de necessidade básica, como alimentos e remédios”, explica Marianne. Resultado da falta de perspectivas, o comércio de BH vive uma onda de empresas que decidiram liquidar os estoques e se desfazer do ponto comercial. Na avaliação de Santana, da Fecomércio-DF, o risco de perda da renda das famílias vem crescendo, e, por conta disso, o consumo diminui.
Horizonte é nebuloso para o varejo e o setor de serviços
O economista da consultoria Boa Vista Serviço
Central de Proteção ao Crédito (SCPC) Flávio Calife destaca que os pedidos de
falência apresentados pelos credores subiram 13,6% no primeiro semestre do ano
e atingiram níveis próximos aos de 2012, de 13,8%. “Percebemos que esse número
começou a subir agora e a tendência é que ele continuará aumentando com a piora
dos indicadores econômicos”, afirma. A expectativa dele é de crescimento da
quebra de firmas entre 15% e 20% até o fim do ano.
EM
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