No dia 21 de abril o Circo e Teatro Éramos Três estará em Ilhéus com a peça Licença “Preu” Passar, numa única apresentação. O grupo atua já alguns anos em Cascavel/PR com espetáculos circenses de rua e teatro, e é administrado pelo artista Leonides Quadra, interprete do palhaço Tico Bonito.
Em 2015, o artista foi vítima de uma cena arbitrária e incomum enquanto apresentava seu espetáculo num festival de rua em Cascavel, após fazer uma crítica a polícia e ao governador Beto Richa, uma viatura da tropa de choque que passava pelo local parou e invadiu a peça na frente de uma plateia composta por uma maioria de crianças e adolescentes. Violentamente o palhaço foi preso e conduzido ao camburão, o público presente lutou para impedir o ato, mas os agentes da lei argumentavam que o palhaço tinha desacatado as autoridades. A Prisão do Tico foi filmada e está disponível no youtube e pelas imagens fica claro que o ato foi abusivo e fere os direitos constitucionais da liberdade de expressão. “O palhaço antes de ser alguém que simplesmente faz rir, ele tem que ser alguém que faz rir com responsabilidade, ele tem que pensar politicamente, socialmente e moralmente em suas ações. O riso não pode ser gratuito. Quando o riso é gratuito é um riso que passa muito fácil. O humor tem que ser inteligente e fazer você pensar, trazer propostas diferentes para vida em sociedade. Tem que ir muito mais além do riso pelo riso.” Afirma Leonides Quadra.
A premissa do espetáculo é simples. Já se imaginou andando pela rua, em um daqueles dias estressantes, indo pagar contas, trabalhar ou apenas a passeio quando, no meio da calçada, você encontra uma roda de pessoas, e dentro dessa roda está um palhaço? Algo completamente incomum, não é? Este é o espetáculo Licença Preu Passar, que o palhaço Tico Bonito, com uma corda bamba, mágicas e alegria convida-lhe para parar e apreciar, transformando seu dia com a leveza do riso. “O espetáculo reúne ingredientes suficientes para cativar a atenção do público, convidado a "entrar no jogo e na fantasia" do palhaço o tempo todo, vivendo não apenas o riso pelo riso, mas várias emoções, lembrando-nos de nossa condição de humanos passíveis do erro, do medo, mas também da brincadeira enquanto homo ludens...” Explica Rafael Barreiros, fundador da Cia. dos Palhaços e mais conhecido como Palhaço Alípio.
Após o espetáculo, acontece o lançamento do livro "A Resistência do Clown na Dramaturgia" pela editora Mondrongo, livro de estreia do artista Ed Paixão, que trabalha como palhaço já alguns anos, a obra reúne três peças de teatro que evidenciam a luta constante dos oprimidos contra o sistema falido da nossa sociedade e os textos trazem a figura do clown como o grande agente provocador, transgressor e subversivo a todo processo de dominação das massas. O livro propõe a desconstrução da imagem do palhaço infantilizada criada através da ascensão da televisão. O Palhaço sempre foi um ser que dialogou com todas as idades, nunca foi restrito a um único público. É um ser autêntico, crítico, que usa a si próprio como cobaia do jogo. Hoje sua imagem é associada a produtos de consumo, a festas de aniversários, enquanto antes ele era uma catapulta contra a opressão e a hipocrisia, a sua condição de bobo da corte, já era uma sátira aos reis da época da idade média.
O ingresso para o espetáculo custa R$ 20 e R$10 (meia) e pode ser adquirido na bilheteria da Tenda Teatro Popular de Ilhéus, localizada na Avenida Soares Lopes, próximo ao colégio São Jorge. O espetáculo será às 20 horas no espaço e após sua finalização acontecerá o lançamento do livro que é aberto ao público.
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