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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Municípios baianos sofrem com racionamento

A falta de chuvas em todo o estado da Bahia tem trazido problemas para algumas das principais cidades do interior baiano, que tem adotado o regime de racionamento de água para evitar um colapso ainda maior do sistema. Contudo, em Itabuna, na região sul (a população é de quase 200 mil pessoas), a situação é tão crítica que o abastecimento está sendo feito, apenas, por caminhões pipa, e em toda a cidade. As partes mais altas são as que mais sofrem.

Isso por que os dois rios que abastecem o município, o Cachoeira e o Almada estão praticamente secos. Os moradores, que sofrem a situação, vêem descerem em suas torneiras água com altos índices de cloreto, que não servem para consumo direto humano, apenas para atividades de limpeza. “A situação é calamitosa. Estamos vendo, até mesmo, a classe média da cidade fazer fila para pegar água potável”, disse o coordenador da Defesa Civil municipal, Roberto Avelino.

De acordo com ele, Itabuna já havia declarado situação de emergência desde dezembro do ano passado, quando começou o racionamento. Atualmente, segundo a Empresa Municipal de Águas e Saneamento (Emasa), já foram instalados 130 tanques em toda a cidade – cada um tem a capacidade de 20 mil litros –, que servem como depósito de água própria para consumo. Para o diretor do órgão, Ricardo Campos, outros 60 tanques ainda serão instalados para atender a população.

Porém, a água que está servindo para a população beber e cozinhar, por exemplo, está vindo dos municípios de Ubaitaba e São José da Vitória, distantes 52 km e 41 km, respectivamente, através das estações de tratamento da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) localizadas nas duas cidades também na região sul. “Eu diria que a situação é gravíssima. É como se fosse um paciente em uma UTI, mas tendo os cuidados necessários”, diagnosticou Campos.

Moradora do bairro Jardim Primavera, a cabeleireira Joelma Brandão relata como tem sido a odisséia dos vizinhos para colocar água dentro de casa. “Temos de comprar água mineral de três em três dias. A água que cai das torneiras nem para tomar banho serve. Para poder continuar trabalhando, muitas clientes já vem como o cabelo lavado. A pouca chuva que cai a gente coleta e fica no reservatório”, falou.

Além da população, o comércio, a indústria e os hospitais estão sofrendo com a falta de água. “Nos centros de saúde, o abastecimento com os carros pipa tem sido feito diariamente. Já os comerciantes também pedem os carros pipa, mas eles o fazem de forma particular”, relatou Avelino, que afirmou que os recursos para os veículos que atendem aos moradores são oriundos dos governos federal e estadual.

Para tentar minimizar a situação, Prefeitura e Embasa estão tomando algumas medidas, além dos carros pipa, para diminuir os transtornos em Itabuna. Uma delas é a perfuração de poços artesianos na tentativa de encontrar água doce. Até agora, já foram 13 e outros cinco serão perfurados. Mas, a esperança de melhores dias vem do céu. Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, apenas uma boa quantidade de chuvas nas cabeceiras dos rios ajudaria a amenizar os transtornos. A questão é tão crítica que, na cidade, mensalidades escolares estão sendo pagas com grandes quantidades do líquido.


Agricultura cacaueira afetada em Ilhéus

Na vizinha Ilhéus (por lá vivem cerca de 150 mil pessoas), a situação é não tão dramática quanto em Itabuna, mas os gestores do município já ligaram o sinal de alerta por conta da falta d’água e da estiagem no município. Tanto que, na última terça-feira, a prefeitura decretou estado de emergência, uma vez que a represa do Iguape, que abastece as zonas oeste, norte e central da cidade vêm sofrendo uma queda brusca em sua capacidade.

“Apenas o Rio Santana, que abastece a zona sul ainda tem boa capacidade. Infelizmente, o ciclo de chuvas tem sido bem abaixo da média. Continuando dessa forma, só teríamos em torno de mais 75 dias de abastecimento regular”, alertou o secretário de meio ambiente e urbanismo de Ilhéus, Antônio Vieira.

Como alternativas, ele relata que a prefeitura vem pegando água de outros reservatórios e inclusive adotando como medida a utilização da água de uma represa, desativada em 1971, que fica no Parque Natural da Boa Esperança. Segundo Vieira, essa possibilidade daria, pelo menos, mais quatro meses de abastecimento de água a cidade. Além disso, a gestão municipal tem intensificado as fiscalizações e ampliado as medidas educativas para conscientizar os moradores.

Mas, assim como Itabuna, a falta d’água já vem trazendo problemas para setores como a agricultura – principalmente quanto ao cacau – e a indústria. “Elas também tiveram que entrar no rodízio, buscar alternativas de reuso da água. O problema é que isso impacta em nossa economia de maneira geral. A medida adotada pela prefeitura visa facilitar a aquisição de recursos para combate a estiagem”, afirmou Vieira.

A Embasa, responsável pelo abastecimento da cidade informou, através de comunicado, que desde abril iniciou o racionamento de água em Ilhéus, com o abastecimento em dias alternados em parte dos bairros do eixo centro-norte da cidade, justamente com o objetivo de diminuir a redução do nível de água da barragem do Iguape. Contudo, a medida inicial não teria sido suficiente e mais zonas tiveram de ser incluídas no regime.

Atualmente, 30 localidades estão, desde o último dia 30 de abril, recebendo água nas torneiras em dias alternados. Outras 11 foram incluídos desde o dia 02 de maio, dentre os quais estão Alto do Carvalho, Vila Nazaré, Teotônio Vilela, Princesa Isabel e Morada das Brisas. Para minimizar os transtornos, a Empresa informou também que desde o último dia 12, dezesseis reservatórios comunitários foram distribuídos entre algumas localidades que serão abastecidos diretamente por caminhões pipa.

A Tribuna da Bahia

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