A falta de chuvas em todo o estado da Bahia tem trazido problemas para algumas das principais cidades do interior baiano, que tem adotado o regime de racionamento de água para evitar um colapso ainda maior do sistema. Contudo, em Itabuna, na região sul (a população é de quase 200 mil pessoas), a situação é tão crítica que o abastecimento está sendo feito, apenas, por caminhões pipa, e em toda a cidade. As partes mais altas são as que mais sofrem.
Isso por que os dois rios que abastecem o município, o Cachoeira e o Almada estão praticamente secos. Os moradores, que sofrem a situação, vêem descerem em suas torneiras água com altos índices de cloreto, que não servem para consumo direto humano, apenas para atividades de limpeza. “A situação é calamitosa. Estamos vendo, até mesmo, a classe média da cidade fazer fila para pegar água potável”, disse o coordenador da Defesa Civil municipal, Roberto Avelino.
De acordo com ele, Itabuna já havia declarado situação de emergência desde dezembro do ano passado, quando começou o racionamento. Atualmente, segundo a Empresa Municipal de Águas e Saneamento (Emasa), já foram instalados 130 tanques em toda a cidade – cada um tem a capacidade de 20 mil litros –, que servem como depósito de água própria para consumo. Para o diretor do órgão, Ricardo Campos, outros 60 tanques ainda serão instalados para atender a população.
Porém, a água que está servindo para a população beber e cozinhar, por exemplo, está vindo dos municípios de Ubaitaba e São José da Vitória, distantes 52 km e 41 km, respectivamente, através das estações de tratamento da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) localizadas nas duas cidades também na região sul. “Eu diria que a situação é gravíssima. É como se fosse um paciente em uma UTI, mas tendo os cuidados necessários”, diagnosticou Campos.
Moradora do bairro Jardim Primavera, a cabeleireira Joelma Brandão relata como tem sido a odisséia dos vizinhos para colocar água dentro de casa. “Temos de comprar água mineral de três em três dias. A água que cai das torneiras nem para tomar banho serve. Para poder continuar trabalhando, muitas clientes já vem como o cabelo lavado. A pouca chuva que cai a gente coleta e fica no reservatório”, falou.
Além da população, o comércio, a indústria e os hospitais estão sofrendo com a falta de água. “Nos centros de saúde, o abastecimento com os carros pipa tem sido feito diariamente. Já os comerciantes também pedem os carros pipa, mas eles o fazem de forma particular”, relatou Avelino, que afirmou que os recursos para os veículos que atendem aos moradores são oriundos dos governos federal e estadual.
Para tentar minimizar a situação, Prefeitura e Embasa estão tomando algumas medidas, além dos carros pipa, para diminuir os transtornos em Itabuna. Uma delas é a perfuração de poços artesianos na tentativa de encontrar água doce. Até agora, já foram 13 e outros cinco serão perfurados. Mas, a esperança de melhores dias vem do céu. Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, apenas uma boa quantidade de chuvas nas cabeceiras dos rios ajudaria a amenizar os transtornos. A questão é tão crítica que, na cidade, mensalidades escolares estão sendo pagas com grandes quantidades do líquido.